OSCAR NIEMEYER

"Um dos netos de Oscar Niemeyer visitou, certo dia, a minha exposição permanente no Museu de Arte Contemporânea (MAC) em Niterói. Encantado com uma peça específica, o anel que produzi em homenagem ao museu, chamado Anel MAC, ele comentou que existe afinidade entre meu trabalho e o de Niemeyer. Além disso, se ofereceu para marcar um encontro entre Oscar e eu. Nesta primeira conversa, tomei a liberdade de comentar que meu pai era amigo e conviveu com Niemeyer em diversas situações da vida. O encontro ocorreu dias depois no escritório do arquiteto, em Ipanema. Fomos eu, minha esposa Gabi e minha antiga assessora de imprensa. Levei o anel para mostrá-lo e procurei ser o mais informal e simples possível, já que convivi com arquitetos durante toda a minha vida e pensei que essa seria a melhor abordagem.
Ao chegar no local, cumprimentamos inicialmente a mulher de Niemeyer, que é secretária dele. Achei genial estar tão próximo a alguém tão talentoso e lúcido com tamanha idade – 102 anos, na época do encontro. Outro neto dele, de 35 anos, que também trabalhava no escritório, estava presente.
Ao me apresentar ao Oscar, ele comentou que ficou muito feliz por nós não sermos arquitetos. “Não aguento mais estudantes de Arquitetuta fazendo perguntas.”, soltou. Ele ficou também impressionado com o anel e o presenteei com a peça. Oscar, por sua vez, o repassou a sua mulher em comemoração ao Dia dos Namorados.
Ao observar a obra, ele deu uma olhada em trabalhos meus e disse que tinha vontade de produzir alguma joia. Perguntei o tipo de joia e ele idealizava algo a ser colocado na testa, encaixado na cabeça. Ele já imaginava isso a algum tempo, comentou. Para executar o desejo, coloquei a disposição os ourives da loja e ele disse que iria querer mesmo.
Em determinado momento, o perguntei como era ter 102 anos e ele prontamente, respondeu: “Uma m*rda! Meus amigos já faleceram, meus filhos também. Você tem que contar sua história várias vezes porque as pessoas já não a conhecem. É uma sensação de solidão muito grande.”.
Logo depois, chegou o calculista dele e senti que havia uma afinidade muito grande entre os dois. “Um dia, ainda vou sacanear esse cara e farei um vão gigantesco sem coluna.”, disse.
Oscar contou alguns fatos do Rio Antigo, acontecimentos de sua vida e nessa hora, sua mulher entrou na sala e disse que estavam a sua espera autoridades de Israel. Ele estava, na época, projetando uma cidade no país. No entanto, ele pediu: “Deixa esperando. A conversa tá muito boa e eu não vou interromper.” Fiquei muito feliz porque ele estava descontraído.
Logo após, ele pediu para que a mulher pegasse um livro vermelho. “Oscar”, o título deste livro, apresentava os novos projetos dele. Acabou me presenteando também. O encontro durou umas quatro horas e atrasou bastante a delegação que o esperava. Eu saí dizendo: “Você não é desse planeta.”, comentou."
-- Bruno Latini
SOBRE OSCAR
"Oscar Ribeiro de Almeida Niemeyer Soares Filho OMC • GCSE • ComIH (Rio de Janeiro, 15 de dezembro de 1907 – Rio de Janeiro, 5 de dezembro de 2012) foi um arquiteto brasileiro, considerado uma das figuras-chave no desenvolvimento da arquitetura moderna. Niemeyer foi mais conhecido pelos projetos de edifícios cívicos para Brasília, uma cidade planejada que se tornou a capital do Brasil em 1960, bem como por sua colaboração no grupo de arquitetos que projetou a sede das Nações Unidas em Nova Iorque, nos Estados Unidos.
Sua exploração das possibilidades construtivas do concreto armado foi altamente influente na época, tal como na arquitetura do final do século XX e início do século XXI. Elogiado e criticado por ser um "escultor de monumentos", Niemeyer foi um grande artista e um dos maiores arquitetos de sua geração por seus partidários.[1] Ele alegou que sua arquitetura foi fortemente influenciada por Le Corbusier, mas, em entrevista, assegurou que isso "não impediu que [sua] arquitetura seguisse em uma direção diferente"